Um francês apaixonado pela natureza foi o criador do conceito do jardim vertical. Trata-se do designer especialista em botânica Patrick Blanc, que na adolescência cuidava de um aquário de peixes tropicais e plantas aquáticas. Após meses de cuidados, ele percebeu que as raízes das plantas absorviam os nitratos dos peixes e agiam como um filtro biológico. A partir dessa observação, Blanc começou a colocar cada vez mais plantas no aquário, além de um suporte de madeira para dar mais espaço para elas crescerem. Após 10 anos de experiências, o designer conquistou uma parede vegetal independente e, em 1968, ele já tinha seu apartamento coberto por plantas.
Outro apaixonado pela técnica do jardim vertical é o paisagista e sócio-gerente da Dona Flor Jardins, Lauro Fialho. Ele conta que em 2004, assistiu a uma palestra de Patrick Blanc, em Paris. "Fiquei quatro anos na capital francesa fazendo cursos, trabalhando, experimentando e aperfeiçoando conhecimentos sobre paisagismo. Acompanhei os diferentes momentos do processo, da criação à instalação nos locais e posteriormente o amadurecimento das plantas dentro de um jardim vertical", diz.
Fialho afirma que são muitas as variáveis envolvidas nesta técnica, como temperatura, níveis de insolação ou a falta dela, existência de ventos, umidade relativa do ar, entre outros fatores. "Essas variáveis definem quais espécies de plantas melhor se adaptam considerando, é claro, o gosto do proprietário do jardim, que também deve participar na escolha". E complementa: "Como Brasília tem particularidades de clima, fiz algumas adaptações levando em consideração os materiais disponíveis e espécies endêmicas", conta.
Sobre as vantagens de ter um jardim vertical, o paisagista destaca a estética elegante. Outros pontos positivos são o isolamento térmico (uma vez que as plantas equilibram a temperatura estabilizando-a dentro de variações menores), o isolamento acústico (já que as plantas absorvem os excessos e reverberações) e a melhoria da umidade do ar. "Então temos estética e funcionalidade reunidas, proporcionando bem-estar, qualidade de vida e um ambiente personalizado e vivo", explica.
Um jardim vertical exige poucos cuidados segundo Lauro Fialho. "Existem sistemas de irrigação automáticos e programáveis conforme a necessidade das plantas escolhidas. A adubação periódica também é muito simples, basta pulverizar mensalmente um adubo foliar. No fim das contas, sobra pouquíssima manutenção e a tarefa de cuidar deste tipo de jardim é praticamente terapêutica", acentua.
Versátil, o jardim vertical pode ter várias aplicações. "Se usado como pano de fundo, servirá para valorizar detalhes da arquitetura, emoldurar objetos de arte, cantos e nichos mais sutis", diz Fialho. Ele também ressalta que esse formato de jardim pode ocupar paredes inteiras, protagonizando a decoração e destacando o estilo e a personalidade do ambiente. "É importante perceber que os jardins são vivos e amadurecem com o tempo. Se compostos com inflorescências produzem uma paisagem que se altera de acordo com as estações, enchendo o verde com cores", assinala.
A respeito das melhores plantas a serem cultivadas verticalmente, o paisagista diz que todas podem servir, desde que alguns princípios sejam observados com atenção. "O gosto do cliente conta muito no momento da escolha, porém minha consultoria consiste em oferecer leques de opções que possam garantir que essas escolhas combinem entre si, produzindo um efeito ornamental e sustentável". Boas combinações vão se tornando clássicas, segundo Fialho. "Em áreas internas plantas como o lírio do Amazonas, spatifilum, marantas, samambaias e bromélias respondem muito bem, já em áreas externas podemos usar os liríopes, ericas, grama amendoim, rosinha de sol, entre outras", recomenda. Ele enfatiza que a adubação deve ser periódica, a cada trinta dias.
Cuidados especiais
De acordo com a designer de interiores Marcela Passamani, o jardim vertical é ideal para lugares com pouco espaço, além de serem bastante interessantes quando usados como parte da decoração de ambientes. "Uma verdadeira integração entre arquitetura e paisagismo", afirma a designer. Para ela, ambientes monocromáticos e minimalistas, que precisam de um toque diferenciado, ficam perfeitos com a utilização deste recurso.
Passamani sugere samambaias, agaves e bromélias para a criação de um jardim vertical em salas e varandas. "O único cuidado é com a parede em que será aplicado o jardim, pois precisa estar totalmente impermeabilizada para que não ocorram infiltrações", alerta. É preciso verificar a espécie da planta, pois algumas são de sol e outras de sombra. Tem que haver especificação correta das plantas para que o jardim vertical se torne viável", alerta.
Lauro Fialho diz ainda que é necessário tomar algumas providências elementares para montar um jardim assim. Por exemplo, preocupar-se com a existência ou criação de um ponto de água e seu consequente escoamento, além da iluminação natural ou artificial e impermeabilização. "Não há limitação que não possa ser contornada. Todavia, cada caso requer um estudo específico, que avalie as condições e as peculiaridades do espaço onde o jardim será criado", finaliza.
Utilize produtos sustentáveis
O gerente do setor de jardinagem da Leroy Merlin, Alex Oliveira, diz que é possível ter um jardim vertical em diferentes lugares da casa. Ele afirma que a loja dispõe de todos os produtos necessários para a criação desse tipo de jardim, além de produtos sustentáveis como placas de fibra de coco, que são mais fáceis de manusear e esteticamente diferenciadas. "Temos desde a semente até plantas adultas para a instalação em jardins", destaca.
Oliveira diz ainda que placas de fibra de coco podem ser utilizadas tanto em áreas externas quanto internas, sem perder a qualidade do produto. "Também trabalhamos com a montagem de jardins verticais", informa. "A loja conta com um arquiteto para fazer o projeto de acordo com as necessidades e com o espaço que a pessoa dispõe para o jardim", finaliza.
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